EDITORIAL
Wescley Silva Xavier
Universidade Federal de Viçosa, Departamento de Administração e Contabilidade (DAD). Av. Peter Henry Rolfs s/n - Campus Universitário. 36570-900, Viçosa – Minas Gerais, Brasil, (31) 3899-1607, wescley@ufv.br
Caros leitores,
É com satisfação que trazemos a vocês o quarto e último número de 2017 da Revista Administração Pública e Gestão Social. Aproveitamos a oportunidade para comunicarmos que nossa equipe editorial ganhou três reforços em setembro, quando foram incorporados como editores científicos George Ferns (Cardiff University), Malu Villela (University of Bristol) e Quim Brugé (Universitat Autònoma de Barcelona). Ademais, cabe enfatizar que essa é a primeira edição desde o novo Qualis/Capes, no qual a APGS foi classificada como B1 na área de Administração Pública e de Empresas, Ciências Contábeis e Turismo.
Abrimos essa edição com Quando a Casa é a Marquise, o Albergue a Rua: discursos e políticas sociais para pessoas em situação de rua em Belo Horizonte, de autoria de Bruno Eduardo Freitas Honorato e Luiz Alex Silva Saraiva. No texto os autores buscam compreender como são articulados os discursos que subsidiam as políticas sociais para a população em situação de rua em Belo Horizonte. Com uso de uma abordagem qualitativa que envolveu tanto entrevistas semiestruturadas como observação participante, os autores concluíram que o discurso das políticas sociais concentra-se nas pessoas em situação de rua e nas suas intenções, nas razões que as levaram a residir nas ruas, no controle social e espacial, e na repressão que esses indivíduos são submetidos cotidianamente.
O segundo artigo dessa edição é de autoria de Maurício Vasconcellos Leão Lyrio, Elosi Helena Livramento Dellagnelo e Rogério João Lunkes. Em Proposta de um Modelo de Análise da Flexibilização da Burocracia em Organizações Públicas com base nas Dimensões sugeridas por Volberda: o caso da Secretaria de Estado da Administração de Santa Catarina, os autores buscam discutir a flexibilização da burocracia em organizações públicas baseado nas dimensões propostas por Volberda. Tomando como caso a Secretaria da Administração de Santa Catarina, os autores identificaram um baixo grau de flexibilização, sendo essa menos incidente na dimensão estrutura organizacional, e mais aguda na dimensão cultura organizacional.
Jammilly Mikaela Fagundes Brandão e Anielson Barbosa da Silva nos trazem Fatores Mediadores da Aprendizagem na Educação à Distância em Administração Pública. Tomando como os cursos vinculados ao Programa Nacional de Administração Pública (PNAP), os autores desenvolveram um estudo quantitativo, cuja amostra foi composta por 273 estudantes de 10 instituições de ensino superior de diferentes estados brasileiros. As investigações permitiram identificar a existência de seis princípios andragógicos que caracterizam o processo de aprendizagem, bem como fatores mediadores associados às diferenças individuais dos aprendizes. Esses resultados sinalizam que o processo de desenvolvimento pessoal que está intimamente ligado à experiência, que pode tornar os alunos mais abertos à mudança e interessados em aprender, como também pode torná-los mais resistentes ou desinteressados no processo de aprendizagem.
O quarto artigo dessa edição, (Des)Conexões Estado-Sociedade no Brasil: um estudo sobre a experiência de construção de cisternas no Semiárido, é de autoria de José Raimundo Cordeiro Neto, Jackeline Amantino de Andrade e José Emanuel Medeiros Marinheiro. O objetivo do trabalho é evidenciar e discutir formas renovadas de gestão, forjadas na experiência acessada, destacando o provimento de soluções coletivas mediante papel ativo de famílias e organizações locais. A partir de uma abordagem qualitativa de investigação no âmbito da política de segurança hídrica no semiárido brasileiro, os autores concluem que não obstante os aspectos positivos encontrados, em particular, na garantia do provimento de serviços e bens coletivos, o potencial de ampliação da gestão pública que se pretende mais democratizante não se faz presente, na medida em que, segundo os autores, os trade-offs entre democracia e eficiência e entre política e administração continuam a desafiar arranjos de interação mais virtuosos.
Andrea de Oliveira Gonçalves, Rogério Luiz Alves dos Santos, João Abreu de Faria Bilhim e Thiago Dias Costa assinam o quinto artigo dessa edição. Intitulado Que Modelo é esse? As alterações nos processos de capacitação de recursos humanos nos 20 anos do Plano MARE, o artigo contempla a analisa as principais alterações nos processos de capacitação da Universidade de Brasília (UnB), entre 1995 e 2015, dentro do escopo da política de desenvolvimento de pessoal contida no Plano Diretor da Reforma do Aparelho do Estado. De natureza qualitativa, a pesquisa sinaliza que não há uma política de capacitação dos servidores dentro de uma lógica estratégica, que em parte, pode ser explicada pela descontinuidade das políticas de desenvolvimento do quadro de pessoal.
Para fechar essa edição temos o artigo Orçamento, Indicadores e Gestão de Desempenho das Universidade Federais Brasileiras, de autoria de Alexandre Rodrigues Santos, Flávia Lorenne Sampaio Barbosa, Daniel Felipe Victor Martins e Heber José de Moura. No texto os autores buscam analisar as Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) brasileiras, quanto ao grau de eficiência dos recursos aplicados com base nos indicadores de gestão do Tribunal de Contas da União (TCU). A pesquisa se caracteriza por ser essencialmente quantitativa, na qual dados secundários foram extraídos dos relatórios de gestão das universidades federais referente ao exercício de 2013, para uma amostra de 42 IFES. Tratados com o uso de técnicas estatísticas multivariadas, como a regressão linear múltipla e análise de cluster, os autores concluíram as variáveis conceito CAPES e Índice de Qualificação do Corpo Docente influenciaram fortemente a aplicação orçamentária, entretanto, sendo entendidas com níveis de relevância distintos conforme certas especificidades das IFES.
Boa Leitura
Wescley Silva Xavier
Editor-Chefe