ARTESÃO INDUSTRIAL INDEPENDENTE: AUTONOMIA OU SUBSUNÇÃO AO CAPITAL
DOI:
https://doi.org/10.18540/revesvl2iss3pp0460-0476Resumo
Este artigo tem como objetivo identificar as semelhanças do trabalho dos metalúrgicos organizados em pequenas unidades de produção da Serra Gaúcha com o artesão industrial independente e com o trabalhador assalariado.Como estratégia investigativa, realizou-se: uma observação participante junto a seis pequenas unidades de produção localizadas nos municípios de Canela-RS e Caxias do Sul-RS; e uma entrevista semiestruturada com dez trabalhadores que concordaram em participar da pesquisa. Os dados foram analisados com base no materialismo histórico e dialético. Como resultado da pesquisa, observou-se que o trabalho desenvolvido nas unidades de produção assemelha-se ao artesão industrial independente pelos seguintes aspectos: local de trabalho anexo à moradia; propriedade dos meios de produção; conhecimentos técnicos, científicos e do processo produtivo; autonomia de ter ideia, de escolha no processo produtivo e do controle do tempo; cooperação simples, solidária e comunitária; e o trabalho como reprodução ampliada de vida; o ensino de crianças e jovens. Contraditoriamente, o trabalho nas unidades também guarda semelhança com o trabalhador assalariado. Conclui-se que o trabalho do artesão industrial independente ainda encontra-se longe de constituir-se uma “atividade autônoma” e mais perto do trabalho domiciliar e pagamento por peça, porém traz em si uma proximidade com a comunidade local que o vincula à economia popular.
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