ÒRUN-ÀIYÉ - O “SAGRADO VIVIDO” PELOS MEMBROS DO CANDOMBLÉ E A AFRO-TERRITORIALIDADE: DIÁLOGOS ENTORNO DE UM CAMPO DE POSSIBILIDADES
DOI:
https://doi.org/10.18540/revesvl2iss3pp0477-0491Palavras-chave:
Òrun-Àiyé. Sagrado vivido e sagrado concebido. Concepção de mundo. Afro-territorialidade.Resumo
O presente artigo tem como principal objetivo promover o debate acerca da concepção de mundo nas tradições dos terreiros de candomblé de nação kétu e, consequentemente, sua implicação na compreensão, organização e estruturação de outras formas de organização territoriais. A partir da sistematização do referencial teórico-conceitual disponível e, ainda, com base em estudos de campo em terreiros de candomblé, sob um viés fenomenológico orientado pelo prisma da afrocentricidade, foi possível identificar que o modelo de organização territorial de tal seguimento religioso rompe com a lógica binária que compreende a relação entre o “espaço sagrado e o espaço profano”, cedendo lugar para o “sagrado vivido” dos membros do candomblé que se remete a relação entre Òrun-Àiyé - a origem do mundo. Tal interpretação possibilita afirmar a existência de outra forma de organização territorial, a qual é orientada pela dinâmica dos corpos dos iniciados em sua forma de se relacionar com o espaço, dinâmica esta, aqui identificada, como sendo uma afro-territorialidade.Downloads
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