Direito global antes do Estado? Sobre o Direito Canônico como regime transnacional

Autores

  • Ino Augsberg Universidade de Kiel, Kiel, Alemanha
  • Luiz Filipe Araújo Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil
  • Arthur Shodi Motoike Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil

DOI:

https://doi.org/10.32361/2023150115361

Palavras-chave:

Constituição, Secularização, Harold Berman, Conceito, Paleonímia

Resumo

De acordo com Harold Berman, o direito ocidental moderno está baseado na formação do direito canônico nos séculos XI e XII. À luz dessa afirmação, o parâmetro original para nosso conceito moderno de Direito já é transnacional e a ideia de que o direito é um instrumento característico dos Estados-nação é apenas uma consequência. O presente artigo discute esta tese e examina sua relevância para as tentativas atuais de desenvolver um conceito de direito transnacional e de constitucionalismo transnacional. Ao fazê-lo, também levanta uma questão crítica: se nossos conceitos modernos de direito se baseiam no direito canônico, seria possível que algumas características principais ainda reflitam essa origem? Será que uma certa “temática da unidade da constituição” – temática esta que, segundo Gunther Teubner, está por trás de todos os tipos de constitucionalismo societal, mesmo aqueles que insistem no pluralismo social – é um legado oculto do direito canônico? E se sim, qual seria a alternativa?

Downloads

Não há dados estatísticos.

Biografia do Autor

Ino Augsberg, Universidade de Kiel, Kiel, Alemanha

Catedrático de Filosofia do Direito e Direito Público da Universidade de Kiel, Alemanha, desde 2013. Estudou Filosofia, História da Arte, Literatura e Direito nas universidades de Freiburg e Heidelberg, Alemanha, com doutorado em Filosofia (2001) e Direito (2008). Co-diretor do Instituto Hermann Kantorowicz para pesquisas em fundamentos do direito na Universidade Christian-Albrechts de Kiel, Alemanha. E-mail: augsberg@law.uni-kiel.de. Currículo: https://www.augsberg.jura.uni-kiel.de/de/prof.-dr.-dr.-ino-augsberg.

Luiz Filipe Araújo, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil

Doutor em Filosofia do Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais. Professor Adjunto de Filosofia do Direito e Teoria do Direito na Universidade Federal de Viçosa. E-mail: luiz-filipe@ufv.br. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-0224-9638.

Arthur Shodi Motoike, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, Minas Gerais, Brasil

Bacharel em Direito pela Universidade Federal de Viçosa. E-mail: arthur.motoike@gmail.com. ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3298-8896.

Referências

AMSTUTZ, Marc; KARAVAS, Vaios. Rechtsmutation. Rechtsgeschichte - Legal History, 2006. Disponível em: http://dx.doi.org/10.12946/rg08/014-032. Acesso em: 26 jan. 2023.

ASAD, Talal. Formations of the Secular: Christianity, Islam, Modernity. Stanford: Stanford University Press, 2003.

AUGSBERG, Ino. Kassiber: Die Aufgabe der juristischen Hermeneutik. Tübingen: Mohr Siebeck, 2016.

BACKER, Larry. God(s) Over Constitutions: International and Religious Transnational Constitutionalism in the 21st Century. 2007. Disponível em: https://papers.ssrn.com/abstract=1070381. Acesso em: 26 jan. 2023.

BACKER, Larry. Theocratic Constitutionalism: An Introduction to a New Global Legal Ordering. 16 Indiana Journal of Global Legal Studies 85 (2009), v. 16, n. 1, 2006. Disponível em: https://www.repository.law.indiana.edu/ijgls/vol16/iss1/5.

BERMAN, Harold Joseph. Law and Revolution: the Formation of the Western Legal Tradition. Cambridge: Harvard University Press, 1983.

BERMAN, Harold Joseph. Law and Revolution II: The Impact of the Protestant Reformations on the Western Legal Tradition. Cambridge: Belknap Press of Harvard University Press, 2003.

BERMAN, Harold. Direito e Revolução: A Formação da tradição jurídica ocidental. Trad. Eduardo Takemi Kataoka. São Leopoldo: Unisinos, 2006.

BRUNKHORST, Hauke. Critical Theory of Legal Revolutions: Evolutionary Perspectives. New York: Bloomsbury Academic, 2014.

DERRIDA, Jacques. Margins of Philosophy. Chicago: University of Chicago Press, 1981.

DERRIDA, Jacques. Positions. Chicago: University of Chicago Press, 1982.

DERRIDA, Jacques. Posições. São Paulo: Autêntica, 2001.

DIRENZO, G. J. (org.). Concepts, Theory, and Explanation in the Behavioral Sciences. New York: Random House, 1966.

FISCHER-LESCANO, Andreas. Globalverfassung: die Geltungsbegründung der Menschenrechte. Weilerswist: Velbrück Wissenschaft, 2005.

FREUD, Sigmund. Gesammelte Werke. Vol. IV. Frankfurt am Main, Fischer, 1983.

GASCHÉ, Rodolphe. The Tain of the Mirror: Derrida and the Philosophy of Reflection. Cambridge: Harvard University Press, 1986.

GRIMM, Jacob; GRIMM, Wilhelm. Deutsches Wörterbuch. Leipzig: Hirzel, 1956.

HEIDEGGER, Martin. Was heisst Denken? in Gesamtausgabe, Vol. 8, Paola-Ludovica Coriando (org.). Frankfurt am Main: Vittorio Klostermann, 2002.

HELMHOLZ, R. H. The Spirit of Classical Canon Law. Athens: University of Georgia Press, 1996.

KESSLER, Michael Jon. Political Theology for a Plural Age. New York: Oxford University Press, 2013.

LADEUR, Karl-Heinz. Der Anfang des Westlichen Rechts: Die Christianisierung der romischen Rechtskultur und die Entstehung des universalen Rechts. Tübingen: JCB Mohr, 2018.

LEGENDRE, Pierre. La Balafre: A la jeunesse désireuse... Paris: Fayard/Mille et une nuits, 2007.

LUHMANN, Niklas. Das Recht der Gesellschaft. Frankfurt am Main: Suhrkamp, 1993.

MAN, Paul De. Allegories of Reading: Figural Language in Rousseau, Nietzsche, Rilke, and Proust. New Haven: Yale University Press, 1979.

NEVES, Marcelo. Transconstitutionalism. Oxford: Bloomsbury Publishing, 2013.

SANKARI, Suvi; TUORI (org.), Kaarlo. The Many Constitutions of Europe. Edinburgh: Routledge, 2010.

SCHMITT, Carl. Der Nomos der Erde im Völkerrecht des Jus Publicum Europaeum. Berlim: Duncker & Humblot, 1988.

SCHWENCK, Johann Konrad. Etymologisches Wörterbuch der lateinischen Sprache: mit Vergleichung der griechischen und deutschen. Heinrich ludwig Brönner Verlag, Frankfurt am Main,1827.

TEUBNER, Gunther; BECKERS, Anna. Expanding Constitutionalism. 20 Indiana Journal of Global Legal Studies 523 (2013), v. 20, n. 2, 2013. Disponível em: https://www.repository.law.indiana.edu/ijgls/vol20/iss2/2.

TEUBNER, Gunther. Constitutional Fragments: Societal Constitutionalism and Globalization. Oxford: Oxford University Press, 2012.

TEUBNER, Gunther. Societal Constitutionalism: Nine Variations on a Theme by David Sciulli. Rochester, NY, 2017. Disponível em: https://papers.ssrn.com/abstract=3096209. Acesso em: 26 jan. 2023.

THORNHILL, Chris. A Sociology of Constitutions: Constitutions and State Legitimacy in Historical-Sociological Perspective. Cambridge: Cambridge University Press, 2011.

THORNHILL, Chris. Constitutionalism between Nation States and Global Law. in THORNHILL, Chris; BLOKKER, Paul (org.). Sociological Constitutionalism. Cambridge: Cambridge University Press, 2017. p. 135–177.

VENTER, Francois. Constitutionalism and Religion. Cheltenham: Edward Elgar Publishing, 2015.

VESTING, Thomas; KORIOTH, Stefan (org.). Der Eigenwert des Verfassungsrechts: was bleibt von der Verfassung nach der Globalisierung? Tübingen: Mohr Siebeck, 2011.

VIELLECHNER, Lars. Constitutionalism as a cipher: on the convergence of constitutionalist and pluralist approaches to the globalization of law, 2012. DOI: 10.3249/1868-1581-4-2-viellechner.

VIELLECHNER, Lars. Transnationalisierung des Rechts. Weilerswist: Velbrück, 2013.

VRIES, Hent De; SULLIVAN, Lawrence Eugene. Political Theologies: Public Religions in a Post-secular World. New York: Fordham University Press, 2006.

Downloads

Publicado

09-02-2023

Como Citar

AUGSBERG, I.; ARAÚJO, L. F.; MOTOIKE, A. S. Direito global antes do Estado? Sobre o Direito Canônico como regime transnacional. Revista de Direito, [S. l.], v. 15, n. 01, p. 01–25, 2023. DOI: 10.32361/2023150115361. Disponível em: https://beta.periodicos.ufv.br/revistadir/article/view/15361. Acesso em: 24 dez. 2024.

Edição

Seção

Artigos de fluxo contínuo