O mundo apresentado às crianças brasileiras:

reflexões arendtianas sobre os ataques contra escolas

Resumo

O ensaio problematiza seis ataques a escolas ocorridos entre 2018 e 2022, eventos nos quais todas as crianças, (alvo e autoras), eram escolarizadas. A pergunta a que o ensaio responde é: quais são as características do mundo que se impõe às crianças vítimas de ataques nas escolas? Tem por objetivo apresentar tanto dados da quantidade de registros de posse de armas de fogo, nos estados em que os ataques analisados aconteceram, quanto dados do avanço de movimentos de extrema direita nestas localidades e tecer possíveis reflexões a partir do pensamento arendtiano. Assim, por meio do método hipotético-dedutivo o ensaio analisa estes dados conjunturais dos seis ataques e usa-se de conceitos como de mundo comum, banalidade do mal e violência, para embasar a compreensão sobre o mundo que tem sido apresentado às crianças que convivem nas localidades em que os ataques se deram. Os resultados encontrados encaminham para a conclusão do ensaio e viabilizam a confirmação da hipótese de que existe relação entre o aumento significativo da circulação de armas de fogo e do avanço de movimentos de extrema direita com o aumento da violência dentro e contra as escolas. Ao final, conclui que educadores brasileiros têm abandonado as crianças e adolescentes com seus próprios recursos e não estão assumindo a sua responsabilidade pelo mundo comum.