Usos do passado: percepção da construção da memória histórica durante o Segundo Reinado brasileiro (1840-1889)
Palavras-chave:
Identidade nacional; memória coletiva; Império do BrasilResumo
Este trabalho compreende uma análise da produção da memória histórica no período imperial brasileiro a partir de obras iconográficas, intelectuais e literárias. Analisamos as relações de poder na produção da memória, segundo interesses do Estado e de grupos sociais específicos. Os quadros de Pedro Américo, Victor Meirelles, François Moreaux e José Maria de Medeiros, os romances Iracema e O Guarani de José de Alencar e a História Geral do Brasil de Varnhagen foram estudados segundo o “modelo de identidade nacional” que evocavam. Tivemos como referencial teórico os conceitos de memória, documento e monumento trabalhados por Jacques Le Goff. O autor defende a importância de se analisar criticamente os documentos, pois estes fixam fatos selecionados e os imprimem à memória coletiva criando um efeito de monumentalidade. Isso ilustra como a produção da história e da memória não são processos neutros. Os conteúdos construídos são “usos do passado” que elegem essa ou aquela maneira de enxergar o próprio tempo presente. Percebemos que, por meio de uma produção seletiva da memória, o Império do Brasil procurava consolidar uma ordem e legitimar-se como regime.
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