DA INTIMIDADE DO LAR PARA O DOMÍNIO DIVINO: O RITUAL DO CASAMENTO E SUAS TRANSFORMAÇÕES
Abstract
O presente trabalho visa entender como a Igreja se insere dentro do ritual de casamento ao
longo da Idade Média e consegue trazer para dentro do seio católico o poder de unir um casal
maritalmente. Além disso, buscamos perceber as influências das decisões do concílio de Trento
acerca do casamento, no cotidiano dos colonos no Brasil nos primeiros séculos de seu
povoamento. Com as Constituições Primeiras do Arcebispado da Bahia do ano de 1707, temos
os ensinamentos tridentinos presente nos vários títulos das leis sinodais e por meio destas pode
ser percebida a doutrinação e normatização do casamento pela Igreja, tornando-o um lugar de
status social a ser atingido e um privilégio para quem o possuísse. Assim, com as transformações
ocorridas com o ato de casar e sua celebração observamos um casamento que deixa a intimidade
da casa e passa a ser dominado pela Igreja transformando-o em sacramento, tendo seu ritual
modificado e adaptado às normas eclesiásticas. No espaço colonial o casamento tem a finalidade
de propagar o povoamento e assegurar fiéis para religião católica, mesmo que para isso fosse
necessária a mestiçagem corporal e cultural de homens e mulheres de origens diferentes, que
vieram a originar uma descendência mestiça não só no cromatismo da pele, mas nos hábitos
corriqueiros como a alimentação e as manifestações religiosas.