O comércio informal de Viçosa (MG) e suas diferentes finalidades para as famílias envolvidas
Resumo
Este trabalho teve como objetivo identificar as diferentes finalidades que o comércio informal de Viçosa (MG) assumia na vida das famílias envolvidas nesta atividade. Como procedimentos metodológicos foram utilizados: a observação não-participante, a aplicação de questionário e entrevistas semiestruturadas. A pesquisa revelou que é crescente a participação das atividades informais na vida da população viçosense, sendo que, atualmente, existem aproximadamente 230 estabelecimentos comerciais[1] espalhados pela área central da cidade. Além disso, em resposta a uma tendência nacional, a informalidade viçosense não se restringiu a uma única opção de trabalho, mas também a uma boa perspectiva de emprego, em que os seus comerciantes acreditavam que alcançariam melhores condições de vida ou, ainda, uma forma de manter os laços familiares. Nesse contexto, os seus espaços revelaram não somente uma condição de pobreza, mas diferentes estratégias reprodutivas dos grupos inseridos no cotidiano dessa atividade. Portanto, possuía um caráter tanto funcional quanto simbólico.
Palavras-chave: Comércio informal. Estratégias reprodutivas. Família.
ABSTRACT
This study intends to identify the different purposes that the informal trade of Viçosa (MG) assume the lives of the families involved. As instruments methodologists were used: a non-participant observation, the questionary and semi-structured interviews. The survey revealed that is increasing the participation of informal activities in the life of the Viçosa population. Nowadays, there is about 230 settlements scattered for the downtown area. And yet, in response to a national trend, the Viçosa’s informality not restricted as only option of the work for their workers, but also a good prospect of employment, where traders believed that they would attain better living conditions, or could maintain family ties. In this context, the spaces revealed not only a condition of poverty, but also, different reproductive strategies of the groups that entered of this activity. And, therefore, had a character functional and symbolic.
Keywords: Informal trade. Reproductive strategies. Family.
[1]Neste artigo, a expressão estabelecimento comercial não deve ser compreendida de forma semelhante a um estabelecimento formal, pois possuem características estruturais e organizacionais diferenciadas.
Downloads
Referências
CARVALHO, M. C. L. de. O setor informal, o Estado e os movimentos sociais. Cadernos do CEAS, Salvador, n.124, p.22-41, nov./dez. 1989.
CASTELLS, M. O poder da identidade. A era da informação: economia, sociedade e cultura. 3. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. v.2, 2009.
COELHO, T. Economia informal: Crescem os pequenos. Caderno do Terceiro Mundo, Rio de Janeiro, n.151, p.26-30, jun. 1992.
COSTA, A. B.; RODRIGUES, C. Estratégia de sobrevivência de famílias em Luanda e Maputo. 1995. Disponível em: <http://ler.letras.up.pt/uploads/ficheiros/7024.pdf>. Acesso em: 15 set. 2010.
GOMES, P. C. da C. Geografia e modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2000. 368p.
GONÇALVES, M. A. Reestruturação Produtiva e Precarização das Relações de Trabalho. Revista eletrônica Pegada, Presidente Prudente, v.2, n.1, out. 2001. Disponível em: <http://www4.fct.unesp.br/ceget/pegadaframe.htm>. Acesso em: 22 ago. 2010.
GUIMARÃES, I. B. Trabalho familiar e participação familiar. Cadernos do CRH (UFBA), Salvador, v.35, n.1, p.36-46, 2002.
HIRATA, G. I.; MACHADO, A. F. Conceito de informalidade/formalidade e uma proposta de tipologia. IPEA: Mercado de trabalho, n.34, p.24-29, nov. 2007.
LELIS, J. L. Territórios da Informalidade: as diferentes estratégias reprodutivas das famílias inseridas no comércio informal de Viçosa. 2011. 201 f. Dissertação (Mestrado em Economia Doméstica) – Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2011.
MACHADO, A. F.; PENIDO, M.; OLIVEIRA, J. M. de. Análise de sobrevivência na posição de trabalhador por conta própria no Brasil metropolitano (1997 a 2001). Encontro nacional da associação brasileira de estudos do trabalho, 9, 2005, Recife. Anais. São Paulo: Abet, 2005.
MATOS, R. Desigualdades socioespaciais: inserções teóricas e conceituais e discussão do caso brasileiro. In: MATOS, R.; SOARES, W. (Orgs.). Desigualdades, redes e espacialidades emergentes no Brasil. Rio de Janeiro: Garamond, 2010. 348p.
PAMPLONA, J. B.; ROMEIRO, M. do C. Desvendando o Setor Informal: Relatos de uma Experiência Brasileira. Revista Eletrônica da Associação Brasileira de Estudo do Trabalho, São Paulo, v.2, n.1 p.01-23, mar. 2002. Disponível em: <http://www.revista.abet-trabalho.org.br/viewwarticle.php>. Acesso em: 19 jul. 2007.
SANTOS, M. A economia espacial: críticas e alternativas. 3. ed. São Paulo: EDUSP, 2003. 204p.
SANTOS, M. O circuito inferior. In: O Espaço Dividido: Os dois circuitos da economia urbana dos países subdesenvolvidos. 2. ed. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, p.197-261, 1999.
SARTI, C. A. Famílias enredadas. In: COSTA, A. R.; VITALE, M. A. F. (Org.). Família, Redes, Laços e Políticas Públicas. 3. ed. São Paulo: Cortez, p. 267-274, 2007.
TELLES, V. S. Nas tramas da cidade. Trajetórias urbanas e seus territórios. São Paulo: Humanitas, 2009.
WANDERLEY, M. N. B. A emergência de uma nova ruralidade nas sociedades modernas avançadas: o “rural” como espaço singular e ator coletivo. Estudos Sociedade e Agricultura, Pernambuco, n.15, out. 2000.
WOORTMANN, K. “Com parente não se neguceia”, o campesinato como ordem moral. Anuário Antropológico. Brasília: Tempo Brasileiro, p.11-73, 1987.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Oikos: Família e Sociedade em Debate. Deve ser consignada a fonte de publicação original. Para a disponibilização e utilização dos artigos em acesso aberto, o periódico adota a licença Creative Commons Attribution 4.0 International Public License: CC BY 4.0. Isso significa que outras pessoas podem compartilhar - copiar ou distribuir o material em qualquer mídia ou formato; adaptar - remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, desde que atribuído o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se foram feitas alterações" (CC BY 4.0).
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Quanto às questões de plágio, a Oikos utiliza o software de verificação de similaridade de conteúdo – política de plágio (CopySpider) nos artigos submetidos ao periódico.
Ao submeter o artigo, o autor se compromete que os dados relatados no artigo não são resultados de má conduta ética, tais como: dados produzidos, uso indevido de imagens, falsificação, plágio, autoplágio ou duplicidade. O autor declara que nada no artigo infringe qualquer direito autoral ou de propriedade intelectual de outrem, pois, caso contrário, ele poderá responder integralmente por qualquer dano causado a terceiros, em todas as esferas administrativas e jurídicas cabíveis, nos estritos termos da Lei nº 9.610/98