As repercussões do transtorno mental no âmbito familiar: uma análise das mudanças ocorridas e as estratégias no cuidado ao portador de transtorno mental
Resumo
O presente artigo apresenta resultados de um estudo que objetivou identificar e analisar as mudanças enfrentadas pelas famílias de portadores de transtornos mentais (PTMs) após a reintegração destes no ambiente familiar, bem como as estratégias familiares para reassumir os cuidados com o mesmo. A pesquisa, exploratório-descritiva, foi realizada com 11 familiares cuidadores dos PTMs, atendidos no Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) de Viçosa-MG. Várias mudanças aconteceram no âmbito familiar, destacando-se a piora no relacionamento familiar, a incorporação da necessidade de cuidar, a priorização das necessidades do PTM, e, a reorganização do ambiente físico da habitação. A reintegração do PTM à família altera o cotidiano familiar, principalmente a vida pessoal/profissional do cuidador, que desenvolve estratégias próprias para alcançar o equilíbrio do sistema familiar, pautando-se em sentimentos de obrigação pessoal, afetividade e reciprocidade.
Downloads
Referências
v. 43, n. 3, p. 573-80, 2009.
BRASIL – Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. DAPE. Coordenação Geral de Saúde Mental. Reforma psiquiátrica e política de saúde mental no Brasil. Documento apresentado à Conferência Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 anos depois de Caracas. OPAS. Brasília, novembro de 2005.
BRASIL – Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Saúde mental no SUS: os centros de atenção psicossocial. Brasília: Ministério da Saúde, 2004.
BRASIL – Ministério da Saúde. Secretaria-Executiva. Secretaria de Atenção à Saúde. Legislação em saúde mental: 1990-2004. 5. ed. ampl. Brasília: Ministério da Saúde, 2004b.
CELICH, K. L. S.; BATISTELLA, M. Ser cuidador familiar do portador de doença de Alzheimer: vivências e sentimentos desvelados. Cogitare Enfermagem, v. 12,
n. 2, p. 143-9, 2007.
COLVERO, L. de A.; IDE, C. A. C.; ROLIM, M. A. Família e doença mental: a difícil convivência com a diferença. Revista da Escola Enfermagem da USP,
v. 38, n. 2, 2004.
DIOGO, M. J. D. E. A dinâmica dependência-autonomia em idosos submetidos à amputação de membros inferiores. Revista Latino Americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 5, n. 1, p. 59-64, 1997.
FARIA, J. B. de; SEIDL, E. M. F. Religiosidade e Enfrentamentos em Contextos de Saúde e Doença: Revisão de Literatura. Revista Psicologia: reflexão e crítica,
v. 18, n. 3, p. 381-9, 2005.
FÉRES-CARNEIRO, T. Família e saúde mental. Psicologia: teoria e pesquisa, v. 8,
p. 485-93, 1992.
GOUJOR, A. P. Perspectivas de cuidado na desinstitucionalização e Simpósio sobre Saúde Mental em Jurujuba: entrevista com Ana Paula Guljor. LAPPIS – Laboratório de Pesquisas sobre Práticas de Integralidade em Saúde. [S.l. : s.n.t.], 2007.
LAHAM, C. F. Percepção de perdas e ganhos subjetivos entre cuidadores de pacientes atendidos em um programa de assistência domiciliar. 2003. 161 f. Dissertação (Mestrado em Ciências) – Universidade de São Paulo, São Paulo, 2003.
MARCON, S. S.; SASSÁ, N. H.; SOARES, N. T. I.; MOLINA, R. C. M. Dificuldades e conflitos enfrentados pela família no cuidado cotidiano a uma criança com doença crônica. Revista Ciências, Cuidado e Saúde, m. 6, p. 411-9, 2007.
MELMAN, Jonas. Família e doença mental. Repensando a relação entre profissionais de saúde e familiares. 2. ed. São Paulo: Escrituras, 2006.
MINAYO, M. C. S. (Org.). Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Fiocruz, 2005.
NAVARINI, V.; HIRDES, A. A Família do portador de transtorno mental: identificando recursos adaptativos. Texto Contexto – Enfermagem, Florianópolis,
v. 17, n. 4, p. 680-8, 2008.
NERI, A. L.; SOMMERHALDER, C. As várias faces do cuidado e do bem-estar do cuidador. In: NERI, A. L. (Org.). Cuidar de idosos no contexto da família: questões psicológicas e sociais. 2. ed. Campinas, SP: Alínea, 2006.
PEREIRA, M. A. O.; JR, A. P.Transtorno mental: dificuldades enfrentadas pela família. Revista Escola de Enfermagem da USP, v. 37, n. 4, p. 92-100, 2003.
RICHARDSON, R. J. Pesquisa social: métodos e técnicas. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1999.
ROSA, L. C. S. Transtorno mental e o cuidado na família. São Paulo: Cortez, 2003.
SARACENO, B. Libertando identidades: da reabilitação psicossocial à cidadania possível. Rio de Janeiro: Instituto Franco Basaglia - Te Corá, 1999.
SERAPIONE, M. Avaliação da qualidade em saúde: a contribuição da sociologia da saúde para a superação da polarização entre a visão dos usuários e a perspectiva dos profissionais de saúde. Saúde em Debate, n. 23, v. 53, p. 81-92, 1999.
SIQUEIRA, M. M. M. Esquema mental de reciprocidade e influências sobre afetividade no trabalho. Estudos de Psicologia, v. 10, n. 1, 2005.
SOARES, C.; MUNARI, D. Considerações acerca da sobrecarga em familiares de pessoas com transtornos mentais. Ciência, Cuidado e Saúde, Brasil, v. 6, n 3, jun. 2007.
SOUZA, M. S. de; BAPTISTA, M. N. Associações entre suporte familiar e saúde mental. Revista Psicologia Argumento, n. 26, v. 54, p. 207-15, 2008.
WALDOW, V. R. O cuidado na saúde: as relações entre o eu, o outro e os cosmos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2004.
Downloads
Arquivos adicionais
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
A revista se reserva o direito de efetuar, nos originais, alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo dos autores.
Os trabalhos publicados passam a ser propriedade da revista Oikos: Família e Sociedade em Debate. Deve ser consignada a fonte de publicação original. Para a disponibilização e utilização dos artigos em acesso aberto, o periódico adota a licença Creative Commons Attribution 4.0 International Public License: CC BY 4.0. Isso significa que outras pessoas podem compartilhar - copiar ou distribuir o material em qualquer mídia ou formato; adaptar - remixar, transformar e criar a partir do material para qualquer fim, desde que atribuído o devido crédito, fornecer um link para a licença e indicar se foram feitas alterações" (CC BY 4.0).
As opiniões emitidas pelos autores dos artigos são de sua exclusiva responsabilidade.
Quanto às questões de plágio, a Oikos utiliza o software de verificação de similaridade de conteúdo – política de plágio (CopySpider) nos artigos submetidos ao periódico.
Ao submeter o artigo, o autor se compromete que os dados relatados no artigo não são resultados de má conduta ética, tais como: dados produzidos, uso indevido de imagens, falsificação, plágio, autoplágio ou duplicidade. O autor declara que nada no artigo infringe qualquer direito autoral ou de propriedade intelectual de outrem, pois, caso contrário, ele poderá responder integralmente por qualquer dano causado a terceiros, em todas as esferas administrativas e jurídicas cabíveis, nos estritos termos da Lei nº 9.610/98